09/02/2010

Pontos nos ii

O dia amanheceu cor-de-rosa. Percebi-o pela luz que me chegou filtrada através das cortinas da mesma cor. Esquecera-me de fechar as portadas na noite anterior e o dia espreitava-me, agora, mais cedo do que o costume. Pensei um breve gesto para me levantar mas nem sequer as pálpebras me obedeceram, teimando em voltar a fechar-se. E sonhei, por momentos, o mesmo sonho de sempre, outra vez: isto já não era sonho, mais parecia pesadelo! Sonhava que o meu quase primeiro movimento da manhã era em direcção aos teus braços, mas agora sentia-me sem forças para o fazer. Melhor assim. Agora não eras tu que te impunhas, era eu que comandava. Chamavas-me, mas havia algo, mais aliciante do que tu, que me prendia: tão bem aninhada nos lençóis fofos e quentinhos que nada me arrancaria de lá tão cedo.

A vida fervilhava lá fora há muito tempo quando, por fim, dei conta de que eram mais do que horas. Aquilo não era vida. Mandriava, o que me traria os mais diversos aborrecimentos. Não só começava o dia tarde, o que me faria andar atrasada todo o dia, como não iria ter muito tempo para estar contigo. Levantei-me e não resisti a procurar-te. Mas, desilusão, hoje não te tinha. Como era possível que a janela não abrisse? Já não sei o que é melhor: que me sejas veneno ou pedaço de fantasma que me tapa o sol. De uma maneira ou de outra, não passas sem me embotar o cérebro, e não era para isso que te queria.
Porque me manténs refém? Não havia necessidade! Eu gostava de ti, para que querias de mim ainda mais? Maldita ressaca quando me faltas!…

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